O aparecimento de projetos online ou de movimentos que se iniciam via redes sociais é bastante comum, principalmente no meio “alternativo”. A diversidade cultural é gigantesca e a maneira de transmitir pensamento e ideias nunca foi tão globalizada como hoje. Essa troca de cultura virtual é válida, mas muitas vezes limita os materiais e formas de arte apenas ao espaço que cabe à telinha do computador. Porém, o interessante é que não é somente na internet que bons projetos culturais se proliferam.
No distrito do Campo Limpo, localizado na zona Sul de São Paulo, um poeta deu origem ao “Sarau do Binho”. Trata-se de um projeto de incentivo à leitura e à produção artística. Robson Padial, conhecido por Binho, abriu um bar na região nos anos 90 e pouco depois começou a deixar seus livros no local para que os clientes pegassem emprestados para ler. Além disso, Binho deu início a iniciativas.
Começou de maneira despretensiosa, a partir do amor pela leitura do dono do estabelecimento. Todas às segundas-feiras ocorria um sarau entre a comunidade, reunindo escritores, educadores, poetas, músicos e artistas de diferentes gêneros, e isso acabou atraindo também moradores locais. Da mesma maneira, durante uma expedição de 30 dias pela América Latina – 1ª Expedição Donde Miras – em 2008, Binho andou junto a outras pessoas de Santos à Curitiba, promovendo durante o trajeto atividades culturais; entre elas nasceu a Bicicloteca. Em Mongaguá, na Baixada Santista (SP), compraram uma bicicleta velha por R$ 39, juntaram livros que haviam levado para a viagem e batendo de porta em porta começaram a oferecer essas obras em troca de outras.
Outra dessas iniciativas foi a Brechoteca, uma biblioteca comunitária aberta para todos, que atrai muitas crianças das proximidades. Mas a última dessas manifestações literárias é o projeto Pra Ti Ler, que espalha prateleiras com livros em locais do comércio da região, e distribui obras nos semáforos as vezes, com o apoio da Valorização de iniciativas Culturais (VAI) e da Agência Popular Solano Trindade. Segundo informações de Binho, ao jornal universitário Expressão (USJT), a ideia é que consigam chegar a 100 prateleiras antes de 2014.

Foto: Suzi Soares
Em comemoração ao sucesso do Sarau do Binho, foi lançado em julho um livro de título homônimo ao do projeto, que reúne escritos de 179 escritores participantes. Isso foi uma grande conquista, pois em maio 2012 o local da antiga sede do Sarau foi fechado pela Prefeitura, tornando as manifestações complicadas. Graças a contribuição de quem participou e acompanhou o anteriormente, Binho conseguiu retomar com o projeto em janeiro deste ano, e agora atua com parcerias e de maneira itinerante, promovendo os saraus em Sescs, faculdades, teatros e, principalmente, no
Espaço Clariô(Taboão da Serra, SP).
A atuação de Binho se estende por outros espaços, que sempre são anunciados na
Fanpage do projeto ou no
Blog, que também reúne dicas de eventos voltados às manifestações artísticas da cena inde