
Olá, senhores(as)(itas), hoje falaremos sobre um livro
nacional. Trata-se do primeiro livro da saga “Os Herdeiros dos Titãs”,
entitulado “De Lutas e Ideais” do autor Eric Musashi que foi lançado pela
Editora Giostri. Geralmente (como combinado com o Libris) eu não faço resenhas
de livros nacionais.
Como também sou escritor, minha resenha poderia ser
considerada passível de “conflitos de interesses”. No entanto, como o estilo de
escrita do Eric é muito parecido com o meu e, principalmente, ele é um autor
maduro e ótima pessoa, optei por aceitar o desafio.
Como eu tenho muito receio de dar qualquer tipo de spoiler,
vai aqui um trechinho da sinopse para que o leitor entenda o contexto geral da
obra:
De Lutas e Ideais apresenta o drama familiar de Téoder,
maior herói de seu tempo, mas que foi levado a assassinar a própria esposa por
ordem da Rainha. Arion, seu filho, é um revolucionário que evita o pai a todo
custo. Mas quando ele passa a fugir das autoridades, deixando um rastro de
sangue pelo caminho, um reencontro se torna cada vez mais necessário, trazendo
à tona feridas antigas provocadas por um crime imperdoável.
Não há como não abordar “Os Herdeiros dos Titãs” sem falar
no processo de trabalho do autor. Eric criou um mundo único, complexo e
cativante. Tudo é pensado e alinhavado, seja a geografia do continente, a
relação entre as cidades, a religião, a hierarquia de poder e, principalmente,
as disputas bélicas e políticas. Por algum tempo me perdi em análises acerca
das influências que Eric sofreu. Encontrei conceitos gregos, pré-colombianos,
feudais e até orientais, provando que das duas uma: ou eu não sou nerd o
suficiente ou o autor é um estudioso ferrenho da História da humanidade. Esse é
o ponto máximo da sua obra, sem sombra de dúvidas.
Tecnicamente há uma série de tropeços, típicos de quem
escreve seu primeiro romance. O que mais salta aos olhos são as dificuldades do
autor em estabelecer um único ponto de vista para as cenas e narrar através
dele. Também impacta negativamente as atitudes antagônicas do narrador que,
mesmo sendo onisciente durante a maior parte da obra, parece confuso em certas
passagens. Tal atitude acrescentou dramaticidade a algumas cenas, mas deixa a
impressão que o escritor não preparou todos os elementos antes de começar a
escrever.
O terceiro (e último) ponto negativo que eu gostaria de
ressaltar diz respeito à quantidade de passagens desnecessárias à trama.
Principalmente durante a viagem de dois personagens (Arion e Luredás), isso
ocorre com frequência. Na ânsia de apresentar ao leitor toda a genialidade do
cenário que criou, o escritor recheou a obra com passagens explicativas
irrelevantes, algumas inclusive ocorrendo no meio de uma cena e quebrando a
fluência da leitura.
O livro ganha MUITO em interesse nos últimos capítulos. A
definição de pontos importantes da trama e a tensão criada pela relação entre os
personagens passam a fluir com mais naturalidade e em um ritmo mais intenso. No
entanto, como se trata de uma série, o final ainda não existe. O segundo grande
ponto positivo (depois da perfeição do mundo criado) é a trama. O autor
conseguiu amarrar pontos importantes para que o leitor se satisfaça ao final da
obra, mas também deixa alguns ótimos pontos abertos para o(s) volume(s)
seguinte(s).
Os personagens são bastante interessantes. O receio que eu
tinha de que alguns deles falhassem em esfericidade foi totalmente afastado a
partir da metade do livro, quando os conflitos ficam mais explícitos. Sem
dúvida o destaque é a rainha-deusa Quetabel.
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