quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Resenha - Cinco Luas

                                                

Todo cinéfilo que se preze sabe vários detalhes e informações dos filmes que assiste. Personagens, atores, atrizes, diretores, etc. E se diverte comparando vários filmes, listando atores que trabalham em outros filmes, diretores de outros filmes, etc. Isso, de certa forma, tira um pouco da graça, do “glamour” de um filme, a pessoa tem que fazer certo esforço pra aceitar que o ator que interpreta um mafioso em um filme é o mesmo que interpreta um alcoólatra fracassado em outro, e que na vida real é um playboyzinho excêntrico que vive em baladas e festas.

Mas para o cinéfilo isso não importa, o importante é conhecer o máximo possível todos os detalhes de um filme, para ele o “making of” de um filme é tão ou mais importante que o próprio filme. Uma das maiores alegrias para um cinéfilo é quando um diretor realiza um filme em que homenageia outro filme, outro diretor ou atores, e coloca no filme referências a essa homenagem. Em uma cena dentro de um quarto em um filme qualquer vemos na parede um pôster de “Guerra nas Estrelas”. O cinéfilo diverte-se descobrindo essas referências, citações e uma infinidade de detalhes.

Este é o caso desse livro. Ao que parece o autor Ronaldo Cavalcante é um grande fã de muitos filmes e livros conhecidos e usou diversas referências para criar sua ficção. E podemos listar inúmeras delas, é claro que podemos estar enganados e só o autor poderá dizer com certeza sua fonte, mas não tem como não nos lembrarmos de vários filmes e livros que conhecemos. Ao mesmo tempo podemos perceber também que a referência pode ser a própria realidade, a história que vivemos, e até uma crítica a essa história real.

A história do livro é o clássico da ficção científica, seres interplanetários fantásticos, dotados da mais avançada tecnologia, invadem nosso planeta com a intenção de destruí-lo, os terráqueos no caso, terão que encontrar um meio de impedi-los, ou serão aniquilados e extintos. Temos aí a metáfora, tão comum nesse tipo de ficção, relativa à realidade do nosso planeta. Um povo que se diz soberano, superior aos demais, subjuga e coloniza, na maioria das vezes por meio de guerras, outro povo considerado inferior, e se apropria dos recursos que mais o interessam. Quantas vezes já não lemos essa história nos livros escolares ou ainda vemos hoje em dia. Muitos povos antigos foram extintos ou quase extintos depois da chegada de colonizadores/exploradores que tinham o único interesse em se apoderar de suas riquezas naturais. Ainda hoje vemos exemplos de países que estão sobre grandes riquezas naturais (petróleo, pedras preciosas, minérios) e são explorados por outros países ou até mesmo por seus próprios governos, deixando o povo na penúria.

Sendo o autor nacional, temos boa parte da trama se desenvolvendo no Brasil, e com a participação importantíssima do povo tupiniquim. Mas como o problema da invasão é global, viajamos para várias partes do globo, inclusive, como não poderia deixar de ser, a Casa Branca em Washington. O livro é recheado de cenas de ação, definitivamente é para apreciadores de "blockbusters" de ação. E é aí que entram as referências. Temos cenas que lembram algumas situações dos livros e filmes de “Harry Potter”, principalmente quando há um elemento da natureza em ação, plantas, árvores, etc, aliás, um dos personagens principais do livro é a natureza, o que nos lembra do filme “Avatar”. Uma das cenas remete ao segundo filme dos "X-Men", onde Magneto tira o sangue de um dos guardas da cela onde está preso, e forma bolinhas de metal usando o ferro presente no sangue do guarda.

A leitura segue em um ritmo ágil, apesar da narração detalhada das cenas de ação. As lutas entre os invasores e os terráqueos são tão intensas que são minuciosamente detalhadas para que se entenda a situação da batalha. O autor tem um grande conhecimento de materiais, elementos da natureza, tecnologia, existente ou fictícia. Lugares, paisagens, sensações e pessoas são exaustivamente descritas. Para alguns isso pode até cansar um pouco, mas a riqueza de informações é grande. O humor não é constante, temos um pouco dele com o personagem “William”, que por coincidência lembrou o personagem “Comediante”, do filme “Watchmen”. Mas o engraçado foi o autor usar em uma situação a palavra “tatibitati”, que muitos não devem conhecer. Rendeu boas risadas.


Resta saber se deveremos usar nossa imaginação para criar uma conclusão da trama, pois a sensação é de que haverá uma continuação. É esperar pra ver. E ler. Nosso belo planeta azul, que se salvou de inúmeras destruições em milhares de ficções será finalmente destruído? Esperamos que não.

Resenha - A Ilha de Kansnubra

                                                  

O livro conta a história de Garley, um garoto pobre que apanhava dos valentões de sua escola. Ele encontra um medalhão mágico que o transporta para uma ilha chamada Kansnubra, que fica próxima ao triângulo das bermudas.
Lá ele faz alguns amigos e descobre que, apesar de ser uma ilha um pouco medieval, com carruagens, uso arco e flecha, espadas, armaduras, ela também possui câmeras de segurança mágicas e tecnológicas. O lugar ainda conta com dragões, diversos tipos de monstros, cidades com uma arquitetura única...
Uma profecia é descoberta a respeito do garoto, que é o Herdeiro do Cavaleiro Dourado e tem como missão salvar Kansunbra, pois, a ilha está presa/bloqueada magicamente por um mago maléfico. A história se desenrola com o leitor conhecendo um pouco da ilha, e da floresta onde a missão irá iniciar.
O livro lembra MUITO a Harry Potter. Nessa ilha, a espada escolhe o guerreiro (assim como em Harry Potter a varinha escolhe o bruxo). Existe um mapa encantado que mostra a localização das coisas e monstros da ilha. Os desenhos no mapa se mexem conforme as coisas (pessoas, monstros) na ilha se movem (assim como o Mapa do Maroto em Harry Potter). Existe na cidade de Carolina – a capital da ilha - um banco chamado Cartoves, que possui cofres bem peculiares (e lembra muito o banco Gringotes, também de Harry Potter). E tem também a tal da profecia do Herdeiro, bem parecida com a da série Harry Potter. E para finalizar, um dos personagens do livro tem um filhote de dragão, pois sempre foi seu sonho. Quem lembrou do Hagrid de Harry Potter, levante a mão. õ/
Bom, a história é bem clichê. Possui uma “ponte-do-rio-que-cai”, uma floresta onde coisas bem típicas de sessão da tarde acontecem e o personagem principal não foi bem trabalhado. Ele mal participa da história. Parece mais uma câmera humana mostrando os fatos. Seus amigos conversam, opinam, e ele não faz nada. O mais incrível é que durante todo o livro, Garley pensou somente umas duas ou três vezes em sua família. Mal sentiu saudades das pessoas que ele parecia se importar tanto nos primeiro capítulos do livro. Não gostei da narrativa do autor. Achei bem mal trabalhada, o livro um pouco mal escrito, frases e vocabulário infantis. Além de que, parece que pegaram os originais e colocaram uma diagramação, uma capa e imprimiram. É impossível que tenha havido qualquer tipo de revisão. Praticamente todas as páginas possuem MUITOS erros de digitação, além de erros GRAVÍSSIMOS de português. Creio que o nome “Rita Costa” como revisora lá no início do livro seja apenas um nome fantasia, já que com uma leitura rápida é possível corrigir muitos dos erros. Também, o autor repete várias expressões e ações dos personagens, como por exemplo, eles sempre dão tapinhas nas costas uns dos outros para encorajar, ou falar algo... Outros personagens parecem que foram tentativas de criar um Rony Weasley, uma Hermione Granger, e até um Dumbledore!
Estou meio revoltado e chateado com esse livro. Vi resenhas superpositivas, e achei que era ótimo. A sinopse é bem legal e a ideia do autor, a ideia da história, é ótima. Porém não foi bem escrita, não foi bem aproveitada por ele. Creio que quem deu uma nota elevada ao livro, foi por consideração ao autor. Peço desculpas, mas eu precisava ser sincero. 

Resenha!! - Os Herdeiros dos Titãs: De Lutas e Ideias

                                                

Olá, senhores(as)(itas), hoje falaremos sobre um livro nacional. Trata-se do primeiro livro da saga “Os Herdeiros dos Titãs”, entitulado “De Lutas e Ideais” do autor Eric Musashi que foi lançado pela Editora Giostri. Geralmente (como combinado com o Libris) eu não faço resenhas de livros nacionais.

Como também sou escritor, minha resenha poderia ser considerada passível de “conflitos de interesses”. No entanto, como o estilo de escrita do Eric é muito parecido com o meu e, principalmente, ele é um autor maduro e ótima pessoa, optei por aceitar o desafio.

Como eu tenho muito receio de dar qualquer tipo de spoiler, vai aqui um trechinho da sinopse para que o leitor entenda o contexto geral da obra:

De Lutas e Ideais apresenta o drama familiar de Téoder, maior herói de seu tempo, mas que foi levado a assassinar a própria esposa por ordem da Rainha. Arion, seu filho, é um revolucionário que evita o pai a todo custo. Mas quando ele passa a fugir das autoridades, deixando um rastro de sangue pelo caminho, um reencontro se torna cada vez mais necessário, trazendo à tona feridas antigas provocadas por um crime imperdoável.

Não há como não abordar “Os Herdeiros dos Titãs” sem falar no processo de trabalho do autor. Eric criou um mundo único, complexo e cativante. Tudo é pensado e alinhavado, seja a geografia do continente, a relação entre as cidades, a religião, a hierarquia de poder e, principalmente, as disputas bélicas e políticas. Por algum tempo me perdi em análises acerca das influências que Eric sofreu. Encontrei conceitos gregos, pré-colombianos, feudais e até orientais, provando que das duas uma: ou eu não sou nerd o suficiente ou o autor é um estudioso ferrenho da História da humanidade. Esse é o ponto máximo da sua obra, sem sombra de dúvidas.

Tecnicamente há uma série de tropeços, típicos de quem escreve seu primeiro romance. O que mais salta aos olhos são as dificuldades do autor em estabelecer um único ponto de vista para as cenas e narrar através dele. Também impacta negativamente as atitudes antagônicas do narrador que, mesmo sendo onisciente durante a maior parte da obra, parece confuso em certas passagens. Tal atitude acrescentou dramaticidade a algumas cenas, mas deixa a impressão que o escritor não preparou todos os elementos antes de começar a escrever.

O terceiro (e último) ponto negativo que eu gostaria de ressaltar diz respeito à quantidade de passagens desnecessárias à trama. Principalmente durante a viagem de dois personagens (Arion e Luredás), isso ocorre com frequência. Na ânsia de apresentar ao leitor toda a genialidade do cenário que criou, o escritor recheou a obra com passagens explicativas irrelevantes, algumas inclusive ocorrendo no meio de uma cena e quebrando a fluência da leitura.

O livro ganha MUITO em interesse nos últimos capítulos. A definição de pontos importantes da trama e a tensão criada pela relação entre os personagens passam a fluir com mais naturalidade e em um ritmo mais intenso. No entanto, como se trata de uma série, o final ainda não existe. O segundo grande ponto positivo (depois da perfeição do mundo criado) é a trama. O autor conseguiu amarrar pontos importantes para que o leitor se satisfaça ao final da obra, mas também deixa alguns ótimos pontos abertos para o(s) volume(s) seguinte(s).

Os personagens são bastante interessantes. O receio que eu tinha de que alguns deles falhassem em esfericidade foi totalmente afastado a partir da metade do livro, quando os conflitos ficam mais explícitos. Sem dúvida o destaque é a rainha-deusa Quetabel.

No frigir dos ovos é importante ressaltar que não dá para descrever a obra sem falar do desenvolvimento do Eric como escritor. “Os Herdeiros dos Titãs” é um diamante bruto, fruto de uma mente acima da média, mas carente de lapidação. Se fosse para apostar dinheiro, eu diria que ouviremos falar muito do autor no futuro, mas, no caso específico 

Resenha! - Agnus Dei - A idade do sangue





No mundo inteiro, cinco grandes organizações trabalham contra as forças sobrenaturais malignas. A Ordem de Aset, formada por vampiros, e Agnus Dei, por padres, ficam na Europa e estão em conflito. Ambas descobrem o nascimento de uma pessoa importante para o rumo da humanidade e a querem. Essa é a trama de Agnus Dei, da jovem escritora Julianna Costa. O livro publicado pela Grimório Editorial tem 376 páginas e é dividido em um prólogo e 34 capítulos. Mas como parceria tenho a edição do autor do livro, que achei bem mais bonita que a da editora.

A obra, que é o primeiro volume de uma série chamada A Idade do Sangue, tem como protagonista Julie, uma garota universitária normal que adora fazer trilha. Isso até sofrer um acidente de carro e depois ser mordida por um vampiro, e também ser transformada em uma dessas criaturas da noite.

Ela é levada à Ordem de Aset e mantida lá, por acreditarem que possa ser a reencarnação de um dos fundadores da organização, iniciada há 2.500 anos a.C. Eles vivem em um mundo tridimensional (altura – largura – profundidade), e com suas próprias políticas, tradições e regras de convivência, assim como alguns problemas de conspirações e relacionamentos.

A narrativa evolui aos poucos; com capítulos curtos, consegue prender o leitor nas tramas paralelas. Na abertura de cada capítulo, além de um título, também são apresentadas citações, pensamentos e provérbios relacionados com a história. Em certo momento, até mesmo o surgimento dos vampiros no mundo é contado.

Descobertas, crimes, lembranças, sonhos, desconfianças, surpresas, caçadas, fugas, desejos, traições e sensualidade contextualizam os acontecimentos que misturam aventura com drama, romance com suspense, tudo em meio a mortes e muito sangue. Além de vampiros, também temos anjos, bruxas e lobisomens no livro, mesmo que como coadjuvantes e citados indiretamente.

Algo que me incomodou foi a fácil aceitação de Julie à sua nova condição de vida. No início não entendeu muito, mas logo se viu em um meio novo e recebeu todas as informações de maneira rápida e simples. A obra ainda trata de demônios e do próprio Vaticano e da Igreja Católica, envoltos de mistérios e explicações. Mutações, dinheiro, telepatia, tatuagens pelo corpo, hackers, pactos, escolhas e encontros também fazem tornam o enredo instigante e curioso.

Preciso confessar que a capa não é muito atraente, as páginas muito cinzas incomodam e as descrições nas orelhas e na contra capa são um pouco presunçosas, comparando a narrativa da autora com a de J. K. Rowling e George R. R. Martin – o que considero mais uma jogada de marketing do que análise da obra. E o título também me incomodou, já que a trama centra-se mais na organização Ordem de Aset do que na Agnus Dei.


Ao final do livro temos uma revelação sobre a personagem principal que, acredito eu, possa ser o mote para o segundo volume da série. A linguagem simples, com diálogos e pensamentos destacados, torna o enredo envolvente e a história atrativa. Os vampiros de Julianna Costa não são tão diferentes dos outros, mas podem atrair leitores que gostam de histórias com essas criaturas sombrias.