quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Resenha!! - Os Herdeiros dos Titãs: De Lutas e Ideias

                                                

Olá, senhores(as)(itas), hoje falaremos sobre um livro nacional. Trata-se do primeiro livro da saga “Os Herdeiros dos Titãs”, entitulado “De Lutas e Ideais” do autor Eric Musashi que foi lançado pela Editora Giostri. Geralmente (como combinado com o Libris) eu não faço resenhas de livros nacionais.

Como também sou escritor, minha resenha poderia ser considerada passível de “conflitos de interesses”. No entanto, como o estilo de escrita do Eric é muito parecido com o meu e, principalmente, ele é um autor maduro e ótima pessoa, optei por aceitar o desafio.

Como eu tenho muito receio de dar qualquer tipo de spoiler, vai aqui um trechinho da sinopse para que o leitor entenda o contexto geral da obra:

De Lutas e Ideais apresenta o drama familiar de Téoder, maior herói de seu tempo, mas que foi levado a assassinar a própria esposa por ordem da Rainha. Arion, seu filho, é um revolucionário que evita o pai a todo custo. Mas quando ele passa a fugir das autoridades, deixando um rastro de sangue pelo caminho, um reencontro se torna cada vez mais necessário, trazendo à tona feridas antigas provocadas por um crime imperdoável.

Não há como não abordar “Os Herdeiros dos Titãs” sem falar no processo de trabalho do autor. Eric criou um mundo único, complexo e cativante. Tudo é pensado e alinhavado, seja a geografia do continente, a relação entre as cidades, a religião, a hierarquia de poder e, principalmente, as disputas bélicas e políticas. Por algum tempo me perdi em análises acerca das influências que Eric sofreu. Encontrei conceitos gregos, pré-colombianos, feudais e até orientais, provando que das duas uma: ou eu não sou nerd o suficiente ou o autor é um estudioso ferrenho da História da humanidade. Esse é o ponto máximo da sua obra, sem sombra de dúvidas.

Tecnicamente há uma série de tropeços, típicos de quem escreve seu primeiro romance. O que mais salta aos olhos são as dificuldades do autor em estabelecer um único ponto de vista para as cenas e narrar através dele. Também impacta negativamente as atitudes antagônicas do narrador que, mesmo sendo onisciente durante a maior parte da obra, parece confuso em certas passagens. Tal atitude acrescentou dramaticidade a algumas cenas, mas deixa a impressão que o escritor não preparou todos os elementos antes de começar a escrever.

O terceiro (e último) ponto negativo que eu gostaria de ressaltar diz respeito à quantidade de passagens desnecessárias à trama. Principalmente durante a viagem de dois personagens (Arion e Luredás), isso ocorre com frequência. Na ânsia de apresentar ao leitor toda a genialidade do cenário que criou, o escritor recheou a obra com passagens explicativas irrelevantes, algumas inclusive ocorrendo no meio de uma cena e quebrando a fluência da leitura.

O livro ganha MUITO em interesse nos últimos capítulos. A definição de pontos importantes da trama e a tensão criada pela relação entre os personagens passam a fluir com mais naturalidade e em um ritmo mais intenso. No entanto, como se trata de uma série, o final ainda não existe. O segundo grande ponto positivo (depois da perfeição do mundo criado) é a trama. O autor conseguiu amarrar pontos importantes para que o leitor se satisfaça ao final da obra, mas também deixa alguns ótimos pontos abertos para o(s) volume(s) seguinte(s).

Os personagens são bastante interessantes. O receio que eu tinha de que alguns deles falhassem em esfericidade foi totalmente afastado a partir da metade do livro, quando os conflitos ficam mais explícitos. Sem dúvida o destaque é a rainha-deusa Quetabel.

No frigir dos ovos é importante ressaltar que não dá para descrever a obra sem falar do desenvolvimento do Eric como escritor. “Os Herdeiros dos Titãs” é um diamante bruto, fruto de uma mente acima da média, mas carente de lapidação. Se fosse para apostar dinheiro, eu diria que ouviremos falar muito do autor no futuro, mas, no caso específico 

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